quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Luz



(Fragmento do livro Álcool Ajuda ou Autoajuda - Fred Explica - 1999)
Nota: Os textos postados neste blog não obedecem a nenhuma ordem cronológica.

(...)
Havia um lugar mágico.
Um auditório confortável com grandes e silenciosos ventiladores.
As poltronas em couro avermelhado inspiravam sobriedade e, não, luxo.

Sobre um palco uma grande mesa, pessoas vindas de fora, sem aparentar qualquer vínculo administrativo com o hospital.
Uma gente que incorporava paz e sabia do que estava falando.
Palestrantes com uma luz incomum e humildade própria dos que têm ciência das mazelas humanas.
Aprendi porque os sábios acabam por concluir que a maior conquista do conhecimento é poder enxergar a medida da própria ignorância. Por isso, humildade é conseqüência de sabedoria.
Ali a freqüência era opcional.
Como existia ala feminina no hospital, as mulheres ficavam separadas dos homens no auditório por umas dez fileiras.
Fiquei impressionado, mesmo à distância, com o estado daquelas infelizes.
Parece que o prejuízo que as mulheres sofrem com os vícios ou depressões é bem maior que o nosso.
Algumas de cabeça baixa, espelhando culpas que atormentavam suas almas.
Outras, agitadas, não paravam de falar e emitir conceitos totalmente fora dos assuntos abordados.
Não perdi nenhuma dessas reuniões.
Havia uma biblioteca com livros psicografados, em sua maioria, por Chico Xavier. Também as obras de Allan Kardec estavam à disposição. Podíamos levá-las para o quarto sob a condição de devolver e, só assim, obter outro volume.
Trabalhos de grande valor aos que se interessam por essa filosofia que me rondava desde a mais tenra idade.
Não sou de família espírita, mas, no desenrolar da minha vida, esse fator esteve sempre presente.
Confessava-me indisciplinado a estudar mais profundamente a doutrina.
Entretanto, alguma coisa me dizia que fora jogado pelo destino em local e condição psicológica que proporcionaria exercitar um bom desenvolvimento nas questões interiores do ser.
A oportunidade estava à frente.

Literatura mais apropriada não poderia existir.
Debrucei nos livros.
Tinha alguma dificuldade de concentração intelectual em função dos medicamentos. Entretanto, dias inteiros para me dedicar.
No princípio lia e relia o mesmo parágrafo diversas vezes.
O ritmo de leitura aos poucos se normalizou e comecei a devorar os livros avidamente.
Verdadeiros tratados da evolução moral, inspirando entender um pouco a organização da natureza sob as mãos de Deus.
Os mistérios da criação.
A lei de causa e efeito.
A reencarnação.
A individualidade das pessoas.
A mediunidade e suas variáveis.
Mensagens mediúnicas em pequenos folhetos eram autênticos tranqüilizantes espirituais, cheios de esperança e consolo.
O Evangelho na interpretação espírita, esclarecendo em paradigmas bem claros a palavra de Jesus.
Consolidava o entendimento do homem não como criatura de intelectualidade privilegiada, mas, e, principalmente, como um ser especial provido de energias bem mais complexas e completas.
A Palavra ia aos poucos tomando conta de um imenso vazio.
Pensava freqüentemente nos quarenta e cinco anos em que Ele indicava o caminho à ovelha desgarrada que se alimentava das ervas encontradas no caminho.
Falar sobre Deus é como escrever uma carta aos pais em que de tanto se esmerar nas palavras nunca se consegue um resultado à altura do merecimento.
Participar da natureza deslumbrante que Ele nos permitiu e reconhecer isso, já é um pequeno passo em Sua direção.
Transcrevo abaixo uma reflexão recolhida de um dos pequenos pedaços de papel que eu redigia e juntava:
Agradeço a Deus.
- o nascer dos primeiros raios de sol
- os pássaros saudando um lindo amanhecer
- a saúde dos nossos entes queridos
- a medicina evoluindo com Sua Graça
- a possibilidade de escolher meu próprio caminho
- as árvores com suas folhas, frutos e sementes inspirando o entendimento da eternidade.
- a bondade inerente ao ser humano.
- a possibilidade de socorrer ao próximo.
- os maus se convertendo à caridade por Sua Força Infinita.
- as belas canções acariciando nossas almas.
- as formigas nos ensinando como trabalhar em harmonia.
Mas, em direção às ilusões materiais, embriagados e como loucos, atropelamos nossos semelhantes.
Diante da beleza da vida só não percebe quem não quer ver quão simples é se alistar no maravilhoso mundo e nos belos caminhos doados por Deus.
Essas taças vazias, quando lhes for permitida a revelação, maior encantamento as sublimará em agradecimento a um Deus de sabedoria infinita e eterna. (...)

A foto está no Google Imagens em: 
zzorgg.blogspot.com

Fred, 19/05/2011

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