quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

HOSPITAL ESPIRITA MESMO - DOCUMENTÁRIO MARAVILHOSO

Fred, 28/11/2011

Henri Bergson o filósofo da intuição

en.wikipedia.org


Henri Bergson dizia que pensar consiste, ordinariamente, em ir dos conceitos às coisas, e não das coisas aos conceitos. (em Introdução à Metafísica Henri Bergson)



Emhttp://radeir.blogspot.com/2010/08/henri-bergson-o-filosofo-da-intuicao.html





Henri Bergson (1859-1941)

 nasceu em Paris,filho de mãe inglesa e pai judeu-polonês, e cresceu tendo o francês como língua materna.

Por: IHU Online


" Passou sua vida ativa como professor universitário de filosofia, mas era um escritor tão cativante que foi lido amplamente e teve influência fora das universidades. Em 1927, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Entre seus livros mais conhecidos, estão Ensaio sobre os dados imediatos da consciência (1889), Matéria e Memória (1896) e A evolução criadora (1907). Nos últimos anos de vida, seu pensamento tomou um rumo religioso, e é possível que tenha sido recebido na Igreja Católica romana pouco antes de morrer; se assim foi, o ato foi deliberadamente protelado e mantido em segredo, porque não queria parecer estar abandonando os judeus enquanto estavam sendo perseguidos pelos nazistas e enquanto a França estava sob ocupação alemã.
“Elã vital”


Bergson acreditava que os seres humanos devem ser explicados
primordialmente em termos do processo evolutivo.

Parecia-lhe que, desde o início, a função dos sentidos nos organismos vivos tem sido não fornecer ao organismo “representações” de seu ambiente, mas estimular reações de caráter preservador da vida. Em primeiro lugar, os órgãos sensoriais; em seguida, o sistema nervoso central, e, depois, a mente desenvolveram-se durante eras incontáveis como parte do equipamento do organismo para a sobrevivência, e sempre como auxiliares do comportamento; e até hoje aquilo que nos fornecem não são pinturas objetivas do nosso ambiente, mas mensagens que nos levam a nos comportar de determinada maneira. Nossa concepção de nosso ambiente não é nada parecida com um conjunto de fotografias detalhadas: ela é altamente seletiva, sempre pragmática, e sempre a serviço de si mesma. Damos atenção quase exclusiva àquilo que importa para nós, e a concepção que formamos de nosso ambiente de constrói em termos de nossos interesses, sendo o mais premente deles nossa própria segurança. Apenas quando se percebe isso é que a verdadeira natureza do conhecimento humano para ser entendida.

Quanto à evolução, Bergson acreditava que os processos mecânicos de seleção aleatória são inadequados para explicar o que acontece. Parece haver algum tipo de impulso persistente rumo a uma maior individualidade e todavia, ao mesmo tempo, maior complexidade, apesar de ambas sempre implicarem uma crescente vulnerabilidade e risco. A esse impulso Bergson deu o nome de “elã vital”, que podemos traduzir por “impulso vital”.

Bergson acredita que, dado que tudo está mudando o tempo todo, o fluxo do tempo é fundamental a toda realidade. Nós realmente vivenciamos esse fluxo dentro de nós mesmos da maneira mais direta e imediata, não por meio de conceitos, e não por meio de nossos sentidos. Bergson chama esse tipo de conhecimento não-mediado de “intuição”. Ele acredita que também temos conhecimento intuitivo a respeito de nossas decisões de agir, portanto conhecimento imediato de nossa própria posse do livre-arbítrio. No entanto, esse conhecimento imediato da natureza íntima das coisas é bastante diferente em caráter do conhecimento que nosso intelecto nos dá do mundo externo a nós mesmos.

A realidade flui  O que nosso intelecto nos fornece são sempre os materiais exigidos para a ação, e o que queremos é poder prever e controlar os eventos, por isso nosso intelecto nos apresenta um mundo que podemos apreender e usar, um mundo repartido em unidade manejáveis, objetos separados em medidas delimitadas de espaço e também em medidas delimitadas de tempo. É o mundo dos afazeres e negócios diários, do senso comum, e também da ciência. Sua extraordinária utilidade para nós se exibe nos triunfos da moderna tecnologia. Mas tudo isso é um produto de nossa maneira de lidar com o mundo, exatamente da mesma maneira (e pelo mesmo tipo de razão) como um cartógrafo representará uma paisagem viva em termos de uma grade geométrica quadriculada. Isso é inegavelmente útil, prodigiosamente útil, e nos permite fazer toda sorte de coisas práticas que queremos; mas não nos mostra a realidade. A realidade é um continuum. No tempo real não existem instantes. O tempo real é um fluxo contínuo, sem unidades separáveis, não delimitado por extensões mensuráveis. O mesmo com o espaço: no espaço real não há pontos, nem lugares separados e específicos. Tudo isso são mecanismos da mente.

Ser e tempo.  Assim, vivemos simultaneamente em dois mundos. No mundo íntimo de nosso conhecimento imediato tudo é contínuo, tudo é fluido, fluxo perpétuo. No mundo externo apresentado a nós por nossos intelectos há objetos separados ocupando determinadas posições no espaço por períodos mensuráveis de tempo. Mas, é claro, esse tempo externo, o tempo dos relógios e do cálculo, é um construto intelectual, e não é de modo algum o mesmo tempo “real” de cujo fluxo contínuo temos experiência íntima direta.

No ponto culminante de sua filosofia, Bergson identifica esse fluxo de tempo vivenciado internamente com a vida mesma e com o impulso vital, o elã vital que leva o processo da evolução constantemente para a frente. Lembraremos que a filosofia de Heidegger também culminava na identificação de ser e tempo, embora os dois filósofos tenham chegado à mesma conclusão independentemente e de pontos de partida completamente diferentes.

Em sua própria época, Bergson teve alguns críticos eminentes entre seus contemporâneos, comoBertrand Russell. A principal queixa deles era que Bergson, embora tornasse suas idéias atraentes com vívidas analogias e metáforas poéticas, não as sustentava muito com argumentos racionais. Confiava-os à intuição dos leitores. Além disso, queixavam-se seus críticos, suas idéias não resistiam muito bem à análise lógica. Seus defensores replicavam dizendo que ele possuía todas essas características em comum com os mais criativos escritores, e assim era porque estava oferecendo insights, mais do que argumentos lógicos. Em todo caso, é certo que seu pensamento teve apelo amplo e permanece como um elemento distintivo da filosofia do século XX. "

Fred, 28/11/2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Além das Metáforas


Gravura em: canstockphoto.com.br
Não pensei encontrar tantas dificuldades para classificar uma espécie de neo-metaforismo que às vezes acontece nas coisas que escrevo.
Fosse lançar a proposta, quais seriam as suas características se a própria metáfora, é de fácil compreensão por ser, essencialmente, uma associação de ideias para emoldurar uma estrutura lógica?
Quando escrevi "construímos uma ponte de papel sobre um rio de tinta", queria falar naquele contexto, sobre a quantidade gigantesca de correspondências trocadas entre duas pessoas. 
A frase saiu numa época em que escrever com as antigas canetas tinteiro ou esferográficas era elegante, muito embora as máquinas de datilografia estivessem no cotidiano de todos em meados da década de sessenta.  
Além do conceito de quantidade estava, também implícita, a ideia de fragilidade, pela característica de uma improvável ponte de papel.
Na verdade, foi uma desconstrução de relacionamento. 
Queria dizer da importância relativa da comunicação escrita. 
A maioria daqueles que possuem essa facilidade, gosta mais de se exibir que traduzir, realmente, o que vai no coração e no cérebro.
Estava ali, somada, uma autocrítica para ser observada no entendimento final: a hipocrisia dos envolvidos.  Não que eu seja assim, mas, queria fazer-me entender assim.  

A situação pedia.
Nos dias de hoje onde a comunicação rápida e objetiva se faz presente, seria retroceder e perder tempo, dedicar-se a coisas aparentemente complicadas e inúteis?
Acho que não.
Steve Jobs, um dos maiores ícones da informática, ao dizer que trocaria toda a sua tecnologia por uma tarde com Sócrates, falava da necessidade que tinha de fugir do imediatismo e da racionalidade da ciência.
John Kennedy deixou uma contribuição que pode ser aplicada: "Às vezes é preciso parar e olhar para longe, para podermos enxergar o que está diante de nós".
A tela do monitor pode ser vista como uma janela para o mundo e, o teclado, como um mecanismo para colocar os neurônios em ação.
Talvez seja um arremedo de poesia quando, então, precisa-se conhecer a biografia do autor, suas inquietações ou, o que estava acontecendo na sua alma no momento do texto poético.
Ao decifrar o enigma, acontece a vitória do leitor. 
Independe, portanto, da qualidade do que foi escrito e, sim, de entender numa aparente complexidade, o óbvio camuflado em palavras.


Fred, 23/12/2011










terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Minas Sapiens

Foto em: viagemnostrilhos.blogspot.com
Minas é história e causos 
Um estado de espírito em muitos sentidos
Óvulo fecundo, faz verdor nas paisagens e ver dor nas estiagens

Cortam-lhe montanhas, quais fartas mamas, nutre de amor à pátria
Politiqueira como ela só
Com tantas fronteiras, não é fronteiriça
Ensina e aprende Brasil
Enrosca-se na pátria
Tradicional e não retrógrada, gosta de dizer que prefere civismo a cidadania
Mais que a si, ama as paragens mais longínquas do verdadeiro paraíso da terra
Bairrista, entristece e quase morre, quando irmãos se debatem
Rasgam-se-lhe a alma de mãe, avó e irmã
É como se lhe partissem o coração
Generoso e machucado
coração  de mina que não esgota
Foi ouro agora é ferro e alimento
Fosse mais religioso diria que Minas vai pro céu
Ou, quem sabe, já está lá, irradiando cansadas vibrações nacionalistas

Nem capitalismo nem comunismo
É brasilismo mesmo
Simplista pros desavisados
Matreira e mateira pra quem conhece



Fred, 20/12/2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

Uga-Uga (com todo o respeito aos nossos índios, os brasileiros de fato e de direito)

Gravura em: vendavaldasletras.wordpress.com
Hoje quero dar reverências ao Romário (Romarego) e ao ministro da saúde por terem me tirado da caverna silenciosa e recorrente.  
Ao segundo nem vou dar-me ao trabalho de procurar seu nome no google.  
Um cidadão que não respeita a população do meu país não merece ter seu nome registrado aqui neste humilde poço de reflexões.  O tal mancebo teve a cara de pau de liberar a venda de bebidas alcoólicas nos estádios somente nos jogos da copa de 2014. 
Acabou a copa, acabou o golo disse ele da forma arrogante dos moradores e detentores dos privilégios do olimpo  de  Brasília. 
A incompetência dos deuses fica patente ao proibirem, através de leis, comportamentos julgados incorretos dos seus súditos e insignificantes mortais.  
O ato de proibir é necessário quando falha a ação de educar.  
A todo momento os brasileiros da plebe onde estou, são rotulados de irresponsáveis ou, cidadãos de quinta categoria, diferentemente dos estrangeiros que serão recebidos com danças festivas pelos indígenas daqui.  
Quer um filho responsável? - Confira-lhe responsabilidade.
Vejam a história da lei seca dos norte-americanos.
Quem sabe, assim, entendam, finalmente, a assertiva da minha avó quando dizia que a massa sai entre os dedos se apertada.
Não estou confundindo liberdade com libertinagem.
Só peço que respeitem para serem respeitados (outra sabedoria da minha avó...).
Ah, acabei esquecendo-me da bronca contra o baixinho.  
A gota que faltava pingou, agora, quando o ex-jogador e pai da arrogância, disse sobre o jogo de amanhã entre Santos e Barcelona:
"Às oito e meia ainda estou dormindo"
Por essas e outras, sou mais o Tiririca.
É sério, e nunca falei tão sério.
Haja, viu?!
Haja.

Fred, 17/12/2011




quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Existe vida após o nascimento?


Foto em: carloslopesshalom.wordpress.com
No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
- Você acredita na vida após o nascimento?

- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída – o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando,ou sente como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela…
autor desconhecido
Obs: texto copiado do Blog http://esteemeujeito.blogspot.com/  da genial Déa Januzzi. 
Fred, 08/12/2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sem Terra, Sem Clientes e Sem Esperanças.

“Quando dou comida a quem tem fome me chamam de santo, mas quando eu pergunto por que eles têm fome, me chamam de comunista”. (Dom Elder Câmara)


Em: dryicons.com
Vejo as manifestações dos sem terra pleiteando um pedaço de chão para que possam se instalar e tirar da terra subsistência, quer no consumo dos frutos gerados pelo seu trabalho, quer na venda do excedente possibilitando, dessa forma, o sonho de acesso aos bens de consumo das classes mais favorecidas.

Tenho por certo que a segunda opção é impossível nos dias de hoje.

No capitalismo dominante a mecanização rural é fato desestimulador da produção agrícola por parte do pequeno produtor.
O latifundiário detém, e isso é irreversível, maior capital e menor necessidade da mão de obra humana para gerar riqueza em decorrência do alto índice de modernização de sua lavoura ou pecuária.
Conseqüentemente, o custo final de produção obedece ao raciocínio:
Quanto maior mecanização, maior rentabilidade e menor preço de oferta ao mercado, ou seja, maior competitividade.
Reforma agrária que propicie as mesmas condições de retorno aos ricos e aos pobres é utopia.
Infelizmente perdeu o bonde da história quem pensa diferente.
Andei relendo uns textos do Guevara.
Eu, um comunista romântico, mas, ideologicamente falido, fui obrigado a engolir esses fatos melancolicamente, não deixando, nunca, de reconhecer as intenções humanísticas do revolucionário.
Não podemos dar esperança a essa gente sem uma fórmula ou projeto político que traga realidade em seu bojo.
No capitalismo, somente uma minoria sobrevive dignamente.
Nos anos sessenta e início dos setenta, havia uma maneira de pensar comum daquela juventude sonhadora. Os Robin Woods ou Dom Quixotes queriam uma sociedade mais justa. O primeiro tirava dos ricos para dar aos pobres. O segundo, o sonhador, em seu combate estéril contra os moinhos de vento mostrava, em metáfora, a loucura das ilusões.
Antes se pensava com o coração. Hoje, quem não for prático e objetivo se lasca.
É a força do capitalismo em ação.
Por falar em agricultura é sabido que você colhe o que planta.
Enquanto cresce no mundo o indicador dos economicamente excluídos, aumenta a concentração de recursos nas mãos de poucos.
É fato incontestável de que quanto mais se avança tecnologicamente, mais se cria, paralelamente, problemas de ordem social.
Passando, rapidamente, pela medicina, vamos observar um exército de médicos sujeitando-se a salários de fome enquanto uma minoria detém condições financeiras para equipar seu consultório com a mais moderna aparelhagem, além de cursos no exterior como atestam os diplomas nas paredes.
Dirão, certamente, os apressados, que hoje é assim mesmo: ou você se atualiza ou perde no campo profissional.
Isso é justo?
Outra vez dirão os interessados que o mundo não é justo.
É claro!  Se é egoísta, como poderia ser justo?
O poder financeiro torna a contenda desigual em qualquer campo de atividade.
Não estou falando de competência, essa é uma outra questão. No entanto, ela pode ser comprada nos balcões de conceituadas universidade estrangeiras.
Refiro-me tão somente aos bons profissionais que se formaram com o sacrifício deles e até de seus familiares.
Estes, quando chegam ao mercado de trabalho encontram os privilegiados filhos do capital, lançando-se muito à frente na disputa.
Como resolver isso eu não sei e nem quero lançar agora um novo movimento - Os Sem Clientes.

Quem deu a luz a Mateus que o crie e rápido, antes da panela explodir de vez.

O noticiário policial mostra que ela já está vazando e, para um bom entendedor, um pingo é sinal de tempestade ou, a tempestade, que já existe, foi sinalizada por aquele pingo que ninguém deu  importância. 




Fred 11 de janeiro de 2006


Obs: ao ver o colapso da economia mundial por outros motivos que não os abordados aqui,  as teses acima que foram elucubradas em 2006,  terão mais credibilidade. 

Infelizmente...  

Fred, 07 de dezembro de 2011  

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Tire as vendas das suas vendas


“É boa idéia ser ambicioso. Ter objetivos, querer ser bom no que se faz, mas é um erro terrível permitir que a energia e a ambição impeçam que as pessoas sejam tratadas com bondade e decência.  O que interessa não é que, assim, elas serão mais simpáticas com você; é que você se sentirá melhor consigo mesmo.” - Citado por Beau Bauman em The Most Important Thing I’ve Learned in Life (Simon & Schuster)

Foto em: juraemprosaeverso.com.br


Vira e mexe, registro coisas do ramo comercial.
Em parte por ter vivido, como todos, o  lado de fora do balcão e, um pouco, pela experiência do lado de dentro. 
O que me atrai nessas relações é a possibilidade que oferecem de observar o dinamismo da interação humana com todas as suas complexidades. 
O mundo é um grande comércio.  
Não que tudo gire em torno da moeda e, sim, de interesses.  O escritor, por exemplo, é um vendedor de palavras e idéias.  O ermitão ou ermitã, são excessões  à regra desde que enfurnados (enfurnados em caverna é pleonasmo).
O ato da venda tem que dar à compra a dignidade que ela merece.  
Existe, além do fator comercial, uma coisa sagrada nessa relação.  
Agir como vendilhões do templo é o que costumamos ver por aí.  
Atendimentos robotizados onde o ser humano é tratado e, mensurado, de acordo com o valor do negócio em andamento.  
Quanto maior a compra, mais sorrisos e melhor atenção.  É compreensível que isso seja assim, levando-se em conta as comissões e os lucros, que crescem proporcionalmente aos números frios. 
Isso é vendar as vendas e simplificar demais.  
Um comportamento, até, natural, pela necessidade do comerciante de faturar.  
No entanto, o  cidadão que adquire hoje uma cadeirinha de camping  é o mesmo que, amanhã, poderá comprar uma lancha ou, no mínimo, falar bem do estabelecimento e do atendimento recebido.  
Se a máxima cristã do amor ao próximo fosse praticada no dia a dia, seriam desnecessários cursos de motivação para a finalidade. 
A entrada de qualquer pessoa no  comércio deveria ser festejada de forma, claro, metafórica, com tapete vermelho e tudo mais.  
Quem não gosta de se sentir importante?  
No entanto, a atitude tem de vir do fundo da alma e, não, de forma dissimulada.  
Renato Russo sintetizou muito bem quando disse que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.  
Esse é o mantra ideal e, essa, a postura adequada que deverá brotar de forma espontânea.


OBS.: veja também neste blog: "Diamante bruto", "Cliente não é alvo" e  "Apenas Reflexões"




Fred, 01 de dezembro de 2011 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Coisas que emocionam


"Os sentimentos verdadeiros se manifestam mais por atos que palavras." (Shakespeare)


Desenredo - (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro) - Cristina Motta


Cristina Motta é mais que artista.  Possui uma voz privilegiada e nunca quis se lançar profissionalmente na estrada.  Adotou o pseudônimo 'apenascris' na sua página do YouTube, frisando que só canta no seu canto.  Essa carioca da gema de ouro, além do talento que Deus lhe deu, é muito conhecida daqueles que procuram bom gosto naquele site.  Os acessos às suas postagens, neste momento, atingindo a impressionante marca de 3.862.777, demonstra que existe uma boa parcela da população que aprecia letras e músicas bem acabadas, não importando as datas em que foram compostas.
Falar sobre a Cris, seu talento, sensibilidade e tantas outras qualidades humanísticas, seria enfadonho para quem não teve, ainda, a oportunidade de conhecê-la seja cantando, compondo ou colocando no papel as suas viagens poéticas.
Daí a importância da sua amizade refletida no vídeo acima onde ela rasga elogios imerecidos pra este cidadão que se atreve escrever e cantar - primitivamente - o que vai na  sua alma, não se importando com a pequenez dos seus recursos.
Foi uma sereneta de arrepiar os cabelinhos.  
Ainda mais pelo seu trabalho em buscar imagens da minha querida Lavras.

Fred, 25/11/2011


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cuidado com a fita crepe!

Desenho em dihitt.com.br
Título estranho, né não?! 
Eu explico.
Resolvi envernizar umas cadeiras antigas de palhinha que a idade, o sol e as chuvas de vento envelheceram na varanda da minha casa.  
Foi tudo planejado para a guerra. 
Sim, na minha idade qualquer serviço que necessite agachar, levantar, aspirar odor de tinta ou aguarás é um suplício, exigindo muita organização para sofrer menos com  rinite alérgica e dor na junta.  
Reuni numa bacia de plástico latas, lixas, estopa, pincel, luvas de plástico e uma chave de fenda para abrir e reabrir o recipiente de verniz.  
Coloquei um monte de jornais velhos sob as cadeiras para proteger o piso da varanda e vedar os detalhes nas cadeiras onde a tinta não poderia pegar. 
Quando o vento começou a levantar as folhas dos jornais,  resolvi prende-las no chão com a excomungada da fita crepe.   
Muitas vezes perdi a oportunidade de ficar calado e, dessa vez, perdi a oportunidade de não pensar.
Estava entusiasmado com o relativo sucesso da primeira investida.  
Coisa de amador desacostumado com trabalhos que requeiram habilidade manual, paciência e capricho.  
Depois daquela vitória estava pronto para a outra batalha - pintar a segunda cadeira.  
A estratégia era praticar na menor e partir para a maior com a experiência de um grande mestre.  
Toda arrogância será castigada, diria o grande Nelson Rodrigues mas, o mesmo autor falou, também, que a perfeição é coisa de menininha tocadora de piano.  
Assim, peguei a tralha e fui pra luta mais confiante do que time de futebol profissional jogando uma hipotética partida contra os barrigudos do boteco da esquina.
Enquanto colava os papeis de imprensa no chão, corria os olhos nas velhas manchetes que se repetem, desde que o mundo é mundo,  embrulhadas em novos títulos. 
O tapete de fatos estava, de fato, uma beleza, quando recomecei a pincelar. 
Na mão esquerda a latinha quase cheia do produto diluído e, na direita, o pincel.
Terminada uma área do móvel, levantei-me para dar um passo no seu entorno.  
Pra que?!
Por conta da fita crepe, as folhas do jornal tinham colado na sola da minha sandália havaiana e, foi só levantar o pé para subir, pregada, metade dos jornais que estavam no chão.  
Uma fração de segundo foi bastante para desequilibrar o pintor fazendo voar tinta pra todo lado.  
Nada ficou por manchar. 
Parede, bermuda, camisa, braços, pernas, testa e tudo, enfim, que estava nas proximidades.  
Acidente é uma seqüência  de fatos inesperados.  
Dessa forma, ainda chutei o cabo da chave de fenda que estava enfiada na tal bacia organizada, unindo o resto do material ao caos instalado.
Um palavrão ecoou na redondeza.  
Meio assustado, o vizinho da frente perguntou pela janela: 
- Tudo bem aí, Fred?! 
- Tirando todo o inferno que arrumei, está tudo ótimo.
- Precisa de ajuda?!
- Pó deixá, a guerra vai continuar - agradeci com o que sobrou do humor.
O pior, nessas horas, é ver que as coisas passam a ter mais importância que o ser humano.
Limpar as manchas dos trecos tinha de vir à frente da higiene pessoal. 
E, assim, passei a resgatar os feridos, tentando recuperar o exército em frangalhos.
- Vou arrumar uma intoxicação das brabas, pensei enquanto passava aguarás no chão e juntava pequenas poças de tinta com o pincel levando-o, encharcado,  até a latinha de onde a tinta não deveria ter saído. 
Mais tarde voltei à luta. 
O adversário invisível sucumbiu ante a teimosia do general enlouquecido.
Terminei o trabalho ou, a guerra, não quis nem saber dos prejuízos e, muito menos do preço que um profissional do ramo cobraria.
São as famosas Santas Cacetadas.  
Elas ensinam mais quando, principalmente, se mete os pés pelas mãos e vice-versa.


Alhos, bugalhos e bagulhos.
Fazer o que?




Fred, 22/11/2011






















segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Assis Valente e sua forte história.



 100 anos de Assis Valente
Caricatura emassisvalente.blogspot.com 
















Boas Festas [Anoiteceu o Sino Gemeu]

 (Assis Valente) - ZZFred






Comentários postados no YouTube sobre o vídeo acima:

Iximaria! Foi "de conforça" mesmo!!! Respingou até aqui em terras tieteenses. KKKKKK. Será que eu mereço? Acho que eu mereço sim! *-* Então, obrigada Fred! (Só vc mesmo pra me fazer escutar...)rsrsrsrs
Axé!

Assis Valente

José de Assis Valente
 19/3/1911 Bahia
 10/3/1958 Rio de Janeiro, RJ

Nasceu, segundo seu relato, em plena areia quente, no Caminho de Bom Jardim a Patioba, na Bahia, durante uma viagem de sua mãe. Teve uma infância conturbada, tendo sido roubado dos pais - José de Assis Valente e Maria Esteves Valente - e entregue depois a uma familia para ser criado. Trabalhava até ficar exausto durante a semana e, aos sábados, ia à tarde fazer feira com sua patroa. Vagou com um circo pelo interior, no qual, entre outras coisas, cantava: "Vejam só \ Vejam só \ A roupa que há cem anos, já usava minha avó \ Veio a vez \ veio a vez \ De cada roupa dessas se fazer duas e três". Em Salvador, trabalhou como farmacêutico, fez cursos de desenho no Liceu de Artes e Ofícios e profissionalizou-se como especialista em prótese dentária. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, em 1927 e empregou-se como protético. Após muita luta, conseguiu publicar alguns desenhos no Shimmy, Fon-Fon, etc.

No início dos anos 1930, começou a compor sambas. Em 1932, conheceu Heitor dos Prazeres, que muito o incentivou. Em princípios de 1941, casou-se com Nadili, com quem teve sua única filha, Nara Nadili nascida em 1942. Pouco depois o casal se separou. A 13 de maio de 1941, no apogeu de sua carreira de compositor, o Rio de Janeiro foi sacudido com a notícia de que ele se tinha atirado do Corcovado e, milagrosamente preso a um galho de árvore, fora libertado por uma equipe do Corpo de Bombeiros. Mas, embora salvo, moralmente prosseguiu em sua queda do abismo. Nunca mais foi o mesmo. Seu nome foi, aos poucos, sendo esquecido e, a partir de então, só esporadicamente voltava ao cartaz. Anos depois da primeira tentativa, quando Elvira Pagã, com escândalo, cobrou-lhe uma dívida de Cr$ 4.000,00 (quatro mil cruzeiros), tentou novamente o suicídio, dessa vez com lâmina de barbear. Passou então a viver de seu laboratório de prótese dentária e esporadicamente de sua música. Mas, para pagar o laboratório, era geralmente obrigado a contrair novas dívidas. Ao contrário do que muitos pensavam, continuava a compor. Freqüentemente mostrava aos íntimos uma composição nova, de rara beleza. Compunha quase uma música por dia. Não conseguia, entretanto, gravá-las. No máximo, quando as dívidas apertavam, vendia um samba que depois, assinado por outros, fazia sucesso. A 10 de março de 1958, desesperado com sua situação financeira, resolveu suicidar-se. Deixou a casa em que morava, na Rua Santo Amaro, 112, seguiu para o seu consultório na Cinelândia, onde permaneceu até cerca das l3h30 min. Às 15 h foi à Sbacem, sociedade arrecadadora de direitos autorais à qual estava filiado, para se informar de seus rendimentos. Estava tão nervoso que o tesoureiro da Sbacem, Joubert de Carvalho, deu-lhe um sedativo. Ás 16h30 min telefonou para seu laboratório dando instruções a seus empregados do que deveria ser feito após sua morte. Às 17h30 min telefonava para seu editor, Vicente Vitale, e para o embaixador Pascoal Carlos Magno comunicando-lhes que iria se matar. Vitale ainda tentou ligar para a Polícia: era tarde. Exatamente às 17h55 min, portanto, oito dias antes de seu 47º aniversário, em um banco da Praia do Russel, junto de um play-ground onde brincavam crianças, tomou formicida com guaraná. Vestia calça azul-marinho e blusão amarelo. Em seus bolsos foram encontrados um par de óculos, uma carteira de identidade com o retrato rasgado, uma carta para a polícia e duas notas velhas de cinco cruzeiros. Na carta, entre outras coisas, esclarecia que morria por sua vontade, estando seriamente endividado, e fazia um apelo ao público para que comprasse seu novo disco "Lamento". Pedia ainda a Ary Barroso que pagasse o aluguel atrasado de duas residências. E acrescentava: "Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo".

ZZFred, 21 de novembro de 2011