segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Natureza do homem




O progresso inundou a paisagem
A água foi parar lááá no alto
Alguém registrou o momento e batizou o quadro de Natureza Morta 
Deve ser tão nostálgico quanto eu


A prainha era bem maior que o bico que aparecia na foto
Tinha um riacho, bem ao lado da areia, que desaguava no rio
Vinha lá do pontilhão
Vendo essa coisa dá vontade de pedir perdão a Deus
Eu era muito criança
Quando a jardineira da capital passava sobre a ponte
Os passageiros comemoravam a chegada.
Um dia inteiro de estrada, buraco, barro e poeira
Eu pregava o nariz no vidro e mergulhava na esperança que havia
Na volta pra cidade grande evitava olhar para a Ponte do Funil
Logo mais vou chegar
Nunca mais vou partir 
Serviu pra isso

Fred Agosto de 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Virou lagoa

(ZZFred)

As jardineiras dos homens empoeirados

As aventuras dos caminhos
As gabirobas, os grandes pescados
O funil que o rio fazia
A prosa querida

A estrada da terra batida
O aroma do café torrado
O cheiro do gado, da vida
As poesias sertanejas do meu pai
As águas que cobriram a história
são lágrimas de saudade que não para
Dos que brincaram nas praias
da infância que se foi
virou lagoa
Que força é essa que nos fios
queima o passado da gente?

Fred, verão de 2004