quinta-feira, 30 de junho de 2011

O retorno ao lar.


(Fragmento do livro Álcool Ajuda ou Autoajuda - Fred Explica - 1999)
Nota: Os textos postados neste blog não obedecem a nenhuma ordem cronológica.
ZZFred


"A família toda se espremeu no veículo como se fosse um organismo juntando a peça que faltava."


(...)
Em: opapeldeparede3D.com
Final de janeiro.

Meu futuro genro dirigia um carro confortável e a cidade passava pela janela, diferente e encantada como nunca.
Todos estavam falando ao mesmo tempo mostrando uma animação que contagiaria qualquer um.
Mas era um mundo novo e eu estava curtindo tudo que via do lado de fora.
Sabia das ruas, das crianças brincando nos passeios, das árvores verdes, do sol entardecendo  e dos carros. No entanto, as coisas estavam diferentes e eu, misturando alegria e emoção, engolia seco para que não fosse mal compreendido. O êxtase sufocou o entusiasmo.
A família se espremeu no veículo como se fosse um organismo juntando a peça que faltava.
E toma emoção!
Na frente de casa e dentro da garagem, igual comitê político com faixas por todo lado.
Papai, nós te amamos – você é muito importante para nós – seu exemplo de força inspira todo mundo e assim por diante.
Abraçavam-me sem parar, antes que as pernas parassem de tremer e eu pudesse, enfim, entrar no humilde castelo. 
Que rei sou eu? – perguntaria, lembrando o personagem do Jô Soares.
Pensando terem acabado as homenagens, mais surpresas.
A casa estava abarrotada de amigos e as mensagens eram agora em cartolina, tantas que me fizeram, finalmente, esquecer a fortaleza e desabar em lágrimas.
- Obrigado gente, eu não mereço!
Foi o que consegui expressar no discurso mais curto da história.
(...)

Fred, 30/06/2011

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Alta do Hospital


(Fragmento do livro Álcool Ajuda ou Autoajuda - Fred Explica - 1999)
Nota: Os textos postados neste blog não obedecem a nenhuma ordem cronológica.


(...)

Foto em: flikr.com


- Pessoal, olha isso aqui! – acordei assustado ao ver uma inchação que ia das panturrilhas até os pés que ficaram parecendo patas de elefante.

Não doía; apenas assustava o aspecto que, a princípio, acreditei ser um indicador de grave enfermidade hepática (associei imediatamente ao sintoma que antecedeu a morte por cirrose de um amigo de bar).
Ligeirinho intercedeu com a sua experiência de sucessivas internações: dentro de no máximo três dias você terá alta médica – isso sempre acontece quando chega a hora de sair daqui – os médicos não sabem ou não querem explicar a razão, continuou.
Não acreditei e, de forma ansiosa procurei o enfermeiro de plantão que confirmou: É amigo, logo, logo, você estará em casa!
Aliviou, mas, mesmo assim, quis consultar algum clínico para uma opinião definitiva.
- Doutor, o que que é isso? – perguntei apontando para o pé redondo.
Com um discreto sorriso, pegou a prancheta, anotou meus dados e afirmou: vou providenciar a liberação do internamento. Quinta que vem você terá alta.
Num misto de euforia e tristeza a minha curiosidade ainda me fez perguntar: doutor, por que essa inchação, que quase me matou de susto, indica que o paciente chegou ao final do tratamento?
- Olha, não vou ser leviano. A ciência ainda não consegue explicar o fenômeno. Só sabemos que esse sintoma indica o fim do processo de desintoxicação. Amanhã seus pés voltarão ao normal, não se preocupe, finalizou.
Senti, firmeza.
Nesse dia usei o orelhão do pátio comunicando minha família de que processo de alta estava em andamento e que acompanhassem junto a administração.
Comuniquei aos amigos um tanto abatido por eles que ainda ficariam algum tempo.
Entretanto com o bom humor característico um deles afirmou: até breve, camarada. Ninguém aqui se interna uma só vez, logo nos encontraremos de novo.
- Olha, apesar da amizade e do carinho de vocês, nunca mais me verão aqui. Estou deixando meu endereço e telefone com o Alberto e, quando saírem, faço questão de encontrar com todo mundo, mas, em liberdade - respondi de imediato.
- Não vou me despedir de ninguém, continuei, não tolero isso. No dia, vou pegar minhas coisas, bater continência e, nada de abraços ou palavras sentidas, basta um até logo! 

(...)

Fred, 29/06/2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Belisquem-me.

Imagem em: gartic.uol.com.br

Já mudaram, mas...
Só podia estar sonhando ou, melhor, tendo um pesadelo daqueles.
Será que ouvi, mesmo, pela TV a história das notas marcadas com tinta rosa, fruto de assaltos a caixas eletrônicos?!  
Será que o cidadão ao sacar as tais notas nos caixas 24 horas, recebendo algumas daquelas manchadinhas, teria que ligar para a polícia pra registrar a ocorrência e, mesmo assim, não ver reconhecido seu direito de ter a posse do dinheiro retirado da sua própria conta? 
Além dos impostos (contribuições, sei...) extorsivos os brasileiros ainda estariam forçados  engolir mais essa?!  
Por acaso as notas  entraram na máquina pela contramão, de fora pra dentro?!
Parem o mundo que eu quero descer.  
A falta de respeito com os cidadãos do meu querido país quase atingiu os píncaros da crueldade. 
O fato de terem mudado as recomendações, não elimina o disparate que passou pela cabeça das inteligências malignas.  
Será que estamos no tempo do "vai que cola?!"
Ou, será que essa gente está fazendo laboratório com a nossa paciência?!
É duro escrever querendo detonar tudo o que me cerca.
Melhor parar por aqui dizendo, por dever de gratidão, que o pessoal da agência do estabelecimento bancário onde mantenho minha continha, sempre se mostrou receptivo às indignações das pessoas. 

Fred, 28/06/2011

sábado, 25 de junho de 2011

Dolores Duran













Biografia 



Dolores Duran, nome artístico de Adiléia Silva da Rocha, (Rio de Janeiro, 7 de junho de 1930 — Rio de Janeiro, 23 de outubro de 1959) foi uma cantora e compositora brasileira. 

Adiléia Silva da Rocha era filha de um sargento da Marinha. Começou a cantar muito cedo e recebeu seu primeiro prêmio aos dez anos de idade, no programa "Calouros em Desfile", de Ary Barroso. Suas apresentações no programa tornaram-se frequentes, fixando-a na carreira artística. Quando Adiléia tinha 12 anos seu pai faleceu e, a partir de então, teve que sustentar a família, cantando em programas de calouros e trabalhando no rádio como atriz. 

A partir dos 16 anos adotou o nome artístico Dolores Duran. Autodidata, cantou músicas em inglês, francês, italiano e espanhol, a ponto de Ella Fitzgerald lhe dizer que foi na voz dela que ouviu a melhor interpretação que já havia ouvido de My Funny Valentine, um clássico da música norte-americana. 
No final da década de 1940, Dolores estreou na Rádio Nacional, tendo sido contratada para se apresentar ao lado de nomes como Chico Anysio e Angela Maria. Em 1951, teve um relacionamento amoroso com João Donato, que não foi em frente devido à oposição da família do rapaz, então com 17 anos, enquanto Dolores tinha 21. 
A estréia de Dolores em disco foi em 1952, gravando dois sambas para o Carnaval do ano seguinte: Que bom será (Alice Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marquez) e Já não interessa (Domício Costa e Roberto Faissal). Em 1953, gravou Outono (Billy Blanco), e Lama (Paulo Marquez e Alice Chaves). Dois anos depois, vieram as músicas Canção da volta (Antonio Maria e Ismael Neto), Bom querer bem (Fernando Lobo), Praça Mauá (Billy Blanco) e Carioca (Antonio Maria e Ismael Neto). 
Em 1955, casou-se com o radioator e músico Macedo Neto. No mesmo ano, foi vítima de um infarto, tendo passado trinta dias internada em um hospital. Dolores resolveu não seguir as restrições que os médicos lhe determinaram, agravando seus problemas cardíacos que tinha desde a infância, que ao longo do tempo só pioraram, pois abusava de cigarro, fumando mais de 3 maços por dia, e bebida alcoólica em excesso, principalmente vodka e wiskie. Com isso, a depressão passou a marcar a vida de Dolores Duran. 
Em 1956, fez sucesso com a música Filha de Chico Brito, composta por Chico Anysio. No ano seguinte, um jovem compositor apresenta a Dolores uma composição dele e de Vinícius de Moraes. Tratava-se de Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim), no início da carreira. Em três minutos, Dolores pegou um lápis e compôs a letra da música "Por Causa de Você". Vinícius ficou encantado com a letra e gentilmente cedeu seu espaço a Dolores. 
Foi revelado a partir daí o talento de Dolores para a composição e grandes sucessos se sucederam, como "Estrada do Sol", "Idéias Erradas", "Minha Toada" e "A Noite do Meu Bem", entre outros. 
Dolores passou por uma gravidez tubária (gravidez de alto risco que faz a mãe ficar estéril e perder a criança), interrompendo seu sonho de ser mãe. Em 1958, divorciou-se de Macedo Neto e passou meses na Europa com seu conjunto musical. Em seguida, aqui no Brasil adotou uma menina negra, Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo, que foi registrada por Macedo Neto, mesmo ele estando divorciado de Dolores e a menina não ser nada dele. A mãe biológica de Maria Fernanda Virgínia havia falecido após o parto. O pai, por sua vez, foi uma das vítimas da pior tragédia em trens suburbanos do Rio de Janeiro. 
A partir daí compôs, durante seus dois últimos anos de vida, algumas das mais marcantes músicas da MPB, como Castigo, A Noite do Meu Bem, Olha o Tempo Passando e Estrada do Sol, entre tantas outras. 
Em 23 de outubro de 1959, com 29 anos, chegou em casa às 7:00 da manhã. Brincou e beijou muito a filha Maria Fernanda Virgínia, já com 3 anos, na banheira. Em seguida, passou os últimos cuidados à empregada Rita: "Não me acorde. Estou cansada. Vou dormir até morrer", disse brincando. Ao chegar no quarto para dormir, caiu no chão, em um infarto fulminante. Quando empregada chegou ao quarto, tinha uma corda de violão arrebentada, foi onde Dolores segurou ao cair no chão. 
A morte prematura de Dolores Duran rompeu uma trajetória vivida intensa e sensivelmente. A amiga Marisa Gata Mansa levou os últimos versos de Dolores e para Ribamar musicá-los. Carlos Lyra fez o mesmo sobre os versos inéditos.


A noite do meu bem (Dolores Duran)

Por causa de você (Tom Jobim e Dolores Duran

Fred, 25/06/2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Maria Gadu


"Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal"

















Um pouco sobre Maria Gadú:
Maria Gadú sempre foi precoce. Paulistana da Vila Mariana criada por uma mãe atenta e dedicada ao talento da filha, preferia a companhia dos adultos da casa e da música, que lá se ouvia, fique bem claro - a das outras crianças. Se esse traço da personalidade chegava a ser uma preocupação para a sua mãe, D Neusa, à futura cantora Maria Gadú fez bem. Ao fazer de tudo para aproximar os pequenos amigos da filha, enchendo a casa de atrações em tinta, discos e brinquedos, D.Neusa propiciou o ambiente onde Gadú, sem saber, iniciaria a sua formação artística em laboratório aconchegante e particular. Na companhia da mãe e da avó, Maria conhecia o repertório de cantores e cantoras que a influenciariam: Carmem Miranda, Dolores Duran, Adoniran Barbosa, Maria Bethânia, Caetano, Chico Buarque, Gal Costa. 

D Neusa, ainda grávida, já namorava uma escola de música para a filha estudar quando crescesse.... A Escola Municipal de Educação Artística da prefeitura de São Paulo ajudou mesmo a Gadú, ainda na infância, a dar os primeiros passos. Mais tarde, Gadú não conseguiria se adequar a nenhum método formal de música. Contraditoriamente, Gadú estudaria sua própria voz e criaria suas próprias técnicas, através de livros de métodos vocais de jazz e soul, sozinha, em frente ao espelho. Autodidata também para instrumentos, aprendeu a tocar piano e violão. 

Aos 4 anos ela não titubeou quando viu um músico, em um shopping, largar o piano e descansar para o intervalo. Sentou-se no banquinho como se tivesse chegado sua vez e tocou um trecho de Chopin. Estupefata, a platéia da praça de alimentação perguntou a ela o que era aquilo. Maria respondeu: a música do gás. Já aos 8, tocava piano e violão e chamava a prima para a fazer a segunda voz nas canções que queria gravar. A outra criança não entendia o que fazer e seguia a voz de Maria, que chorava de raiva, dizendo: Não me imite, canta diferente.!. Com 12 anos, na paradisíaca Ilha Grande compôs Shimbalaiê, MPB de levada afro, uma das músicas mais populares de seus shows, que carrega o verso: quando mentir, for preciso, poder falar a verdade . Após a adolescência e a longa passagem pela formação da escola que é tocar em barzinhos, resolveu ir para a Europa com um amigo percussionista para se apresentar em festivais de música independente. Após passagem, de agosto a outubro, pela Itália e Irlanda tocando em festivais, casas e shows e até na rua, Maria Gadú retornou ao Brasil para festas de fim de ano, com o objetivo de rever a família e rapidamente se organizar para voltar a Europa. Resolveu passar a virada do ano no Rio, para rever alguns amigos, e daqui não saiu mais, fazendo shows e desenvolvendo a carreira na cidade. 

Fonte:

ZZFred
Altar Particular (Maria Gadú)
Tributo amador ao talento da compositora.
Fred, 23/06/2011

sábado, 18 de junho de 2011

Organização Mundial da Saúde inclui influência dos espíritos.



Original em Espiritismo na Rede.  Clique aqui 

Código Internacional de Doenças (OMS) inclui influência dos Espíritos



A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. 


No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: mente, corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: iológico, psicológico e espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.

O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (HOJE OBRIGATÓRIA) de Medicina e Espiritualidade.

Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.

Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.
Sérgio Felipe de Oliveira

Adelino Moreira


A Volta do Boêmio (Boemia)


Foto: clique aqui

DADOS BIOGRÁFICOS

* 28/03/1918 - Porto/Portugal

+ 07/05/2002 - Rio de Janeiro/Brasil



Adelino Moreira é caso raro na história da música popular brasileira. Um compositor que construiu a carreira com talento e cuidado e conseguiu manter um confortável padrão de vida, principalmente porque nunca parou de receber direitos autorais. Se qualquer compositor quiser ganhar dinheiro com música no Brasil, tem antes que me consultar. Eu sei vender discos. Eu faço músicas para vender. Eu faço o que o povo quer, declarava, em meados dos anos 70.


Nascido na cidade do Porto, em Portugal, em 28 de março de 1918, Adelino Moreira de Castro chegou ao Brasil com apenas um ano de idade. O pai, comendador Serafim Sofia, era joalheiro e, em busca de vida melhor, instalou-se com toda a família na praça Mauá, no Rio de Janeiro. Não demorou a prosperar e a mudar-se para Córregos, onde, segundo Adelino, era dono de quase toda a cidade.



Ainda criança, o compositor começou a aprender o ofício do pai. Não só se tornou exímio na ourivesaria, mas também se contagiou com o amor paterno pela poesia e pela música. Nessa época, Adelino tinha aulas de violão e guitarra portuguesa e tentava as primeiras composições.



Em 1943, o comendador patrocinava o programa Seleções Portuguesas, na Rádio Clube do Brasil. Dirigido pelo maestro Carlos Campos, professor de guitarra de Adelino, o programa logo passou a contar com a presença constante do futuro compositor, que interpretava fados e umas coisinhas de sua autoria. Em 1945, convidado por João de Barro, diretor artístico da Continental, gravou os fados Olhos d´Alma e Anita, o samba Mulato Artilheiro e a marcha Nem Cachopa, Nem Comida, todos de sua autoria. Em outro disco, interpretou Manita e Adeus, ambas de Carlos Campos e Américo Morais.



Consciente de que aquelas 78 rotações ainda não significavam a entrada para o estrelato, Adelino voltou à oficina do pai e, em 1947, montou a própria ourivesaria. Só passou a se interessar pela carreira musical quando conquistou a independência financeira. No ano seguinte, foi para Portugal, onde se apresentou no Teatro Sá de Miranda e gravou, pela Pharlophon portuguesa, vários discos de música brasileira. Retornando ao Brasil, tinha uma certeza: não queria ser cantor. Mas se dedicaria com afinco à composição.



Em 1952, Adelino conheceu Nelson Gonçalves. Impressionado com o estilo do cantor, o compositor lhe entregou Última Seresta para ser gravada. Essa música inaugurava uma parceria que se estenderia por muitos anos e que faria de Nelson o principal intérprete de Adelino. Nos anos seguintes, o cantor lançaria os primeiros dois grandes êxitos do compositor: os sambas-canções Meu Vício é Você, de 1955, e A Volta do Boêmio, de 1956. Na década de 60, Adelino e Nelson passaram também a compor juntos, surgindo, assim, vários sucessos, como o bolero Fica Comigo Esta Noite e os sambas-canções Escultura e Êxtase.



Ainda nos anos 60, vários outros cantores gravaram músicas de Adelino, entre eles, Ângela Maria, Carlos Galhardo, Núbia Lafayette e Orlando Silva. Eu compunha para todo mundo. Todos os cantores de sucesso gravavam coisas minhas. Eu fazia música de acordo com a necessidade. Se precisava fazer 36 músicas por ano, eu fazia, lembra o compositor.



Em 1966, alguns desentendimentos separaram Adelino de Nelson Gonçalves. A briga duraria até 1971, quando voltaram a trabalhar juntos. E, em meados da década de 70, além de continuar a compor, tornou-se empresário do cantor.

FONTE


Fred, 18/06/2011