quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Medo



Tempestade em alto mar.
Estamos no fim do caminho.
O mar sacode o mundo
As últimas estrelas  balançam
Gritos do pessoal do convés.
Grandes olhos passam por aqui a todo momento,
Contagiando ainda mais a expectativa do caos.

Um  homem assentado
Abraçado às pernas encolhidas sobre a cadeira,
Olhos esbugalhados como louco
Pavor  por todo lado
Eis o quadro da iminente catástrofe
Eis o momento trágico da verdade enjaulada


Aí o mar se acalmou
O ridículo avermelhou as faces
Das mulheres descompostas
E dos homens sem respostas


Fred, outubro de 1997

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Por acaso...


Nossa Senhora é a mãe de Jesus, meu filho. 
Disse o homem da bicicleta grande ao seu filhinho da bicicleta menor.  

 Eles passaram por mim e não ouvi o resto da conversa.  
Foram pedalando devagar pela rua de onde eu vinha caminhando ao cair da noite. 
Dia da padroeira do Brasil. 
Lá longe ia a procissão dos fiéis rezando o terço. 
Estranha paz.  

Esqueci, até, da política.
Fred, 12 de outubo de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tsunami no Brasil - aconteceu na Bahia em 1666

Texto retirado da “História da América Portuguesa” de Sebastião da Rocha Pitta, edição de 1880.


NOTA: ALÉM DA NARRATIVA EM PORTUGUÊS ARCAICO, É INTERESSANTE NOTAR A ARROGÂNCIA DO "CONHECIMENTO CIENTÍFICO" DAQUELA ÉPOCA. ZZFred




(.....)
“20. No mesmo ano e no seguinte de mil seiscentos e sessenta e seis experimentou o Brasil uma das maiores calamidades que padecera desde o seu descobrimento e conquistas, precedendo um horroroso cometa, que por muitas noites tenebrosas ateado em vapores densos ardeu com infausta luz sobre nossa América, e lhe anunciou o dano que havia de sentir; porque ainda  que os meteoros se formam de incêndios casuais, em que ardem os átomos que subindo da terra chegam condensados à esfera, as cinzas em que se dissolvem são poderosas assim a infeccionar os ares para infundirem achaques, como a descompor os ânimos para obrarem fatalidades; tendo-se observado que as maiores ruínas nas repúblicas e nos viventes trouxeram sempre diante estes sinais: tal foi o que apareceu no Brasil um ano antes dos estragos que se lhe seguiram.
21. Outro acidente extraordinário experimentou naquele próprio tempo a Bahia, jamais visto nela, crescendo por três vezes em três alternados dias, o mar, com tal profusão de águas que atropelou os limites que lhe pôs a natureza, dilatando as ondas muito além das praias, e deixando-as cobertas de inumerável pescado miúdo, que os moradores da cidade e dos arrabaldes colhiam, mais atentos ao apetite que ao prodígio, ufanos de lhes trazer o mar voluntária e pròdigamente tão copioso tributo, sem considerarem que quando saem da ordem natural os corpos elementais, padecem os humanos, e causam, não só mudanças na saúde e ruínas nas fábricas materiais, mas nos impérios.  Todos estes avisos ou correios precederam ao terrível contágio das bexigas, de que daremos em breve e lastimosa notícia.