quarta-feira, 27 de abril de 2011

Frase

“Se é melhor ser excelente em uma só coisa do que medíocre em diversas, também é melhor ser medíocre em diversas coisas, se não se pode ser excelente em uma.” 
(Plínio, o moço) ZZFred

Fred, 27/04/2011

sábado, 16 de abril de 2011


Do profano ao sagrado


(Fragmento do livro Álcool Ajuda ou Autoajuda - Fred Explica - 1999)
Nota: Os textos postados neste blog não obedecem a nenhuma ordem cronológica.
(...)



"O espírito contestador sempre falou mais alto. Até hoje considero o casamento como uma obra que não tem fim. Chegando a hora de reformar que se reforme, mas, nunca e simplesmente, se deve derrubar a casa."



Tive um romance boêmio no estilo da história de Hilda Furacão, do Roberto Drumond.
Foram quase dois anos de um caso de amor enrustido inconscientemente  pelas fronteiras da sociedade.
Um aprendizado poderoso em experiências do mundo.
Devo muito àquela mulher.
Aprendi a respeitar o sexo oposto.
Sua força, independência e fidelidade por paradoxal que possa parecer, marcaram minha alma.
Não deixava perceber, machista que era, o quanto me impressionava seus conceitos sobre todas as coisas.
Mais, até, que sua beleza física, do seu interior ofuscava um brilho incomum.
Durou dos dezoito aos vinte anos, mais ou menos.
Depois resolvi me enquadrar nos moldes familiares.
Morava em apartamento térreo de um velho prédio da Rua Padre Belchior onde, até outro dia, passou a funcionar uma loja comercial.
A região há muito deixou de ser residencial.
É uma rua no centro da capital mineira que se inicia no cruzamento da Avenida Augusto de Lima com Rua São Paulo.
Meu quarto, sua janela de madeira com venezianas, dava para a calçada.
Um dos mananciais do Ribeirão Arrudas passava em frente, cercado por muretas antigas. Era um esgoto a céu aberto que não deixava odores desagradáveis no ar devido à profundidade do córrego e a rapidez das suas águas.
As muretas com cerca de um metro de altura foram os assentos dos jovens enclausurados dos edifícios.
A calçada que separava meu apartamento da rua era muito estreita, uns oitenta centímetros, e os veículos passavam rente à minha janela.
Lembro-me que as noites e as madrugadas de sexta-feira eram infernais.
Dia de abastecimento do Mercado Central que se localizava uns duzentos metros dali.
Uma depressão - dessas que a prefeitura mexe, mexe e não conserta - no asfalto logo defronte meu quarto, promovia um barulho insuportável além de sacudir as bases do antigo prédio quando passavam os caminhões em plena carga.
O carregamento de galinhas era patético, pois simultaneamente, além do barulho, da trepidação e do bater dos engradados que as transportavam, vinha o cacarejar das aves que acordavam assustadas - elas e a quem estivesse dormindo na região.
Bacatrum...Pláaaaa... Cráaaa...Cuóooooo!!!
Nesse dia, chegar cedo em casa, nem pensar. Acabaria me tornando um cardíaco precoce.
Isso proporcionava mais um pretexto para acompanhar meus companheiros pela cidade até a madrugada.
Durante o dia gostava de ficar à janela pensando e apreciando o movimento.
À tarde, por volta das quinze horas uma jovem com seus quatorze aninhos passava por ali, religiosamente, para as compras na Padaria Triunfo.
Não gostava muito daquelas garotinhas. Preferia mulheres mais maduras que eu.
Entretanto, não deixava de admirar sua graça e certo dia, absorto em divagações, imaginei:
- Quem sabe no futuro eu poderia estar casado com uma mulher como ela, mas, a ninguém é dado este tipo de presciência.
– Bobagem; pensei em seguida. É atraente, mas a diferença de idade não permitiria a relação.
Uma distância de seis anos, mais ou menos.
Mal sabia o que o futuro estava reservando.
Numa oportunidade fomos apresentados por um amigo.
Conheci, então, uma pessoa  especial.
A singularidade do seu olhar mostrando sabedoria e mistério eram impróprios à sua idade e ao preconceito que eu já estava deixando de lado.
O experiente do bordel se encantava, agora, com outros atributos.

No perfume dos raios do sol
Na aurora da sua presença
Na paz do azul do céu
No encontro da única esperança
Faz-se calma a face do vento
No aroma das gotas de orvalho
Dá-se luz, suave alento.
No teu colo me deito, espalho.
Meu querer de cachorro manhoso
Preguiçoso se esconde em você
No calor desse colo cheiroso
Vou dormir vou querer seu querer.


Assumi novamente a humildade do aprendiz.
Enxergar a vida com suavidade e meiguice.
Ter a capacidade de chegar a ser criança outra vez.
À minha frente estava a oportunidade de recuperar valores, parar de envelhecer prematuramente, reduzir os aditivos etílicos e os embalos da época.
"Eis que chega roda viva e carrega o destino pra lá" (Chico Buarque)
Em dois anos namoramos, noivamos e nos casamos na Igrejinha de São Francisco da Pampulha.
Com muita dificuldade conseguimos nos unir em local muito concorrido, visto que nos identificaria com a cidade para o resto da vida.
Ponto turístico e obra muito conhecida de Oscar Niemeyer.
A Pampulha era cúmplice da nossa relação.
O Ser Humano tem uma tendência muito forte para criar pequenos mundos, pequenos guetos, pequenas zonas de conforto. São as turminhas da escola, da esquina, do trabalho, do clube, da família, da igreja e do bar. Quando abre seu espírito para algo maior a experiência é maravilhosa. Está relacionada com a realização como pessoa e com a realidade universal.
Não temos nenhum controle sobre o nosso futuro.
Será o estilo de vida de cada um é que acaba por defini-lo?
Conheço pessoas bem organizadas.
Construíram seus ideais como uma receita de bolo.
Estudaram muito, passaram no vestibular com louvor, tornaram-se doutores em alguma coisa, arranjaram um bom emprego, casaram e tiveram filhos.
Desses, a maioria está em outro casamento ou, em muitos casos no enésimo.
Acredito, por terem passado muito tempo dedicando-se aos livros técnicos de suas profissões e a ganhar dinheiro, foram conhecer os prazeres da vida na hora errada.
Perdoe-me o leitor, se é que vai existir algum, pois costumo divagar muito, sair da direção e depois, para recomeçar, é um Deus nos acuda!
Voltando a relação agora matrimonial, assumi um casamento realizado nos moldes tradicionais.
Vieram três filhos adoráveis: duas mulheres e um homem. 
Veio o trabalho e um curso de Economia iniciado em setenta e um e deixado pela metade a contra gosto de meu pai que me presenteara com um Whisky Ballantines antigo quando passei no vestibular, condicionando sua degustação ao dia da minha formatura.
Até hoje tenho a bebida guardada na prateleira.
Transferi a responsabilidade ao meu filho que faz Administração de Empresas.
Casamento exemplar.
Trinta e quatro anos de um afeto que amadurece sem as rugas do tempo.
Uma filha se tornou jornalista e outra pedagoga.
Os amigos brincam que estamos fora de moda.
O espírito contestador sempre falou mais alto.
Até hoje considero o casamento como uma obra que não tem fim.
Chegando a hora de reformar que se reforme, mas, nunca e simplesmente, se deve derrubar a casa.
Acredito que o modismo interfere até nas relações pessoais.
Longe de ter-me feito um cidadão enquadrado em qualquer parâmetro da sociedade de consumo, continuava às voltas com as questões do meu interior, evitando sempre o comportamento da maioria.
Isso me custou muitos balcões de bar, incontáveis doses alcoólicas e broncas familiares cheias de preocupações.
(...)
Fred, 16/04/2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Haver - Vinicius de Moraes


A poesia dita por Vinícius de Moraes

(para lembrar o 49º aniversário desta poesia)

Versão II 
Em http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-vinicius-de-moraes/poesia-o-haver.php


Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido...
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza 
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa 
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.
Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa 
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade 
De aceitá-la tal como é, e essa visão 
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio 
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada




Versão I


Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

15/04/1962

do livro "Jardim Noturno - Poemas Inéditos", Companhia das Letras - São Paulo, 1993, pág. 17.

Fred, 14/04/2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Do Primeiro Automóvel ao Contato com o Socialismo



(Fragmento do livro Álcool Ajuda ou Autoajuda - Fred Explica - 1999)
Nota: Os textos postados neste blog não obedecem a nenhuma ordem cronológica.


"Passei a entender o socialismo sem os estigmas pregados pelo regime"

Na ditadura...
(...) 

O governo  Castelo Branco teve apoio popular. 
A alegria dos mais velhos confirmava isso. 
Acabou a sem-vergonhice – Eu quero ver a cara desses comunistas agora – comentavam os mais experientes. 
Um dos primeiros atos - senão o primeiro - do novo governo foi a nomeação de todos os brasileiros aprovados em concursos públicos federais. 
Meu pai que o fora para Fiscal do antigo IAPB (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários) tomou posse. 
Assumiu o cargo em sessenta e cinco e comprou seu primeiro automóvel no ano seguinte - um fusquinha de cor quase branca. 
Houve um salto na qualidade de vida em casa. 
Mudamos do Centro para o Bairro da Serra, uns quatro anos depois da compra do carro.
Antes, ele trabalhava muito e ganhava pouco. Era professor na Associação dos Empregados do Comércio – (AEC), dando aulas pela manhã e à noite. À tarde dedicava-se como funcionário público ao Fomento Agrícola de Minas Gerais, antiga autarquia responsável pelo incremento de atividades rurais. 
Na minha infância somente desfrutava sua companhia nos finais de semanas ou nos feriados. 
Agora, com o novo padrão, dispunha de mais tempo para a família. 
Considerava-me privilegiado pela sorte pois no ano seguinte consegui habilitação como motorista ou seja, aos dezoito anos de idade estava inserido num pequeno grupo. 
Ter carro naquele tempo não era tão comum como hoje em dia. 
Junto com esse fato vieram problemas com a turma. 
Passei a freqüentar o Stage D’Or um barzinho intelectualizado que funcionava anexo ao Teatro Marília. Por ali se reuniam alguns boêmios de Beagá. Um pessoal que apreciava artes cênicas e músicas bem elaboradas. Compunha o ambiente um piano que vez por outra era executado por algum freqüentador inspirado em algumas doses. Para isso tinha que ser bom de serviço e, habitualmente, a apresentação era solicitada pelas cabeças pensantes. 
Considerava o lugar como um mundo novo a ser aprendido. 
Eu falava pouco e escutava muito.
Presenciei discussões acaloradas sobre o comunismo.  Karl Marx e suas teorias eram debatidas com muita paixão e, em que pesem as doses alcoólicas, conversava-se num tom conveniente baixo sobre os temas.  A força das idéias era fraca ante o medo da  repressão do sistema instalado.
Artistas consagrados  passavam pelo Stage D’Or quando se apresentavam em BH. Ali encontravam sossego.  Fosse quem fosse, não teria abordagens inconvenientes.
Passei a entender o socialismo sem os estigmas pregados pelo regime. 
Para se ter uma pequena idéia dos fantasmas que rondavam, a prisão do Maguinho refletiu o ambiente de intimidação e prepotência.
Somente porque tinha barbas longas, estilo Fidel Castro, ele foi detido para averiguações quando observava da calçada uma manifestação estudantil na Avenida Afonso Pena. 
Acontece que o nosso amigo era avesso a política. 
Não sabia e nem queria saber a situação do país. 
Seu negócio era andar do jeito que as garotas gostavam, aumentando a cada dia a lista de suas conquistas amorosas.
Passou a noite no DOPS, sujeitando-se aos interrogatórios de praxe.
Nunca conseguimos dele os detalhes que a nossa curiosidade pedia.
Era falar sobre o caso que o Maguinho, ressabiado, fugia da conversa.
Da sua barba restou, somente, um bigode bem trabalhado. 
Antigos companheiros ficaram magoados pelo fato de terem perdido a minha presença até que resolvi esclarecer com a franqueza que sempre achei necessária: eu não mudei de amizades, apenas estou me aventurando num meio que fornece outros tipos de informações e perspectivas – quem quiser que venha junto – vivemos numa sociedade movida por interesses – eu busco evoluir. 
Muitos entenderam e poucos assumiram a condenação, mas, o que fazer?
(...)
Fred, 07/04/2011

sábado, 2 de abril de 2011

Inteligência Emocional (um pouquinho sobre o assunto)

Quantas vezes o cotidiano mostra pessoas com inteligência ou QI invejáveis mas, de comportamento detestável.  
São insuportáveis mesmo.  
A tudo conhecem e de tudo têm opinião formada. 
Ridicularizam quem pensa diferente, exibindo elementos de contestação impossível. 
Ganham discussões e perdem amigos.  
É muito comum estarem sem rumo no mundo ou exercendo funções abaixo da sua capacidade intelectual. 
Estes são muitas vezes confundidos com o que chamavam chato de galocha ou, mais modernamente, de mala sem alça.  
O que acontece com esses indíviduos é o fato de canalizaram o seu poder cerebral para se exibirem. 
São egocêntricos. 
Esquecem-se de considerar a complexidade mental das pessoas que os cercam, menos dotados que eles nesse aspecto, mas, muito mais generosos com a sociedade.  
Costumo dizer que a ingenuidade trabalha a favor das pessoas. Quanto menos intelectualizados, mais se arriscam nos negócios.  Pode parecer loucura, mas gente assim constrói fortuna. Percebem com muito mais facilidade aqueles que poderão assessorá-lo, dando suporte à suas carências técnicas, de organização ou, de controle. Ao contrário de ter a informação, sabem onde buscar e, com quem.
Henry Ford, tinha esse perfil.
Certa vez, reunido com elementos da imprensa dos EUA que queriam desmoralizar o mito, foi perguntado de início (e de forma debochada) sobre qual assunto do ramo automobilístico ele queria começar falando.  
Qual não foi o espanto dos presentes quando Ford afirmou que não só da sua indústria, como de qualquer outro tema possível, ele estava à disposição e em condições de falar. "Se eu não souber a resposta, usarei deste telefone ao meu lado.  Eu sei onde está o melhor profissional que poderá me informar em poucos minutos.  Consegui isso depois de muito trabalho honesto.  Fiz amigos em todos os cantos e em todos os ramos de atividade" 
Dizem que a reunião acabou ali.  
Todos enfiaram a viola no saco e foram embora frustrados.  
Em resumo, ele tinha um sonho, muita vontade para trabalhar e inteligência emocional.  
Essa sim, faz a grande diferença. 
Quem quiser se aprofundar, aconselho estudar mais a questão e não deixar de considerar o que disse o psicólogo americano Daniel Goleman há muitos anos: "Essencial, para obter sucesso, é controlar emoções como a raiva e a ansiedade, manter o otimismo e saber se relacionar, sendo capaz de negociar, persuadir e ter liderança.  Se o indivíduo não controla as emoções, será difícil tirar proveito de seus outros talentos".
A grosso modo é mais ou menos isso numa visão meio simplista: "quem tem inteligência emocional comanda e, quem tem QI elevado obedece e vive de mau humor"
É vital para entender as coisas que ficam encafifando as cabeças dos menos avisados.  
Muito raramente o indivíduo nasce dotado nas duas condições.
Nesses mais de sessenta anos de janela, não encontrei nenhum.  
Sempre uma se sobressai à outra.
Para os gênios que estão por aí, aconselho humildade para tentar aprender ou, no mínimo, para se conformar com as suas funções aqui na terra.
Como já disseram: auto-aceitação é a primeira etapa para mudanças. ZZFred