sábado, 17 de setembro de 2011

Adauto Santos


Triste Berrante (Adauto Santos) - ZZFred



Em lastfm.com.br
Um pouco sobre o compositor:
Adauto Santos já mereceu elogio dos mais entendidos mestres de nossa música. Dele, por exemplo, falou Inezita Barroso: Considero Adauto Santos o maior compositor do gênero nos dias de hoje. E o que dizer da voz? É aquela que vai lá dentro do coração despertar tudo o que andava adormecido na gente. É mesmo uma voz de anjo bom.. Adauto, você é um filme precioso que precisamos revelar com todas as cores para o mundo. 
Não foi menor o entusiasmo de Mário Lago, o célebre parceiro de Ataulfo Alves em Amélia: ... Que fera de compositor. Assistindo à novela Pantanal me amarrei numa música que dizia que por ali passava boi, passava boiada e meu filho me informou: é do teu parceiro do Foi, o Adauto Santos. O homem é fera nas duas facetas: compondo e cantando...
E Paulo Vanzolini, no encarte do CD TOCADOS DE VIDA E VIOLA DE ADAUTO SANTOS, derrama justos elogios: Mesmo entre os mais autênticos cantores de raiz, não é fácil encontrar quem tenha a intimidade que tem Adauto Santos com a estrutura e com o conteúdo cultural da música de sua região. Excelente violonista, mas onde me parece que melhor se desenvolve é no espaço da viola de dez cordas, na qual produz acompanhamentos ao mesmo tempo de muita sofisticação e de singular direiteza. Cantor de origem rural, passando pela MPB urbana nas melhores companhias, Adauto representa um marco na manutenção da integridade de nossas tradições musicais, caipiras e talvez acanhadas, mas com personalidade máscula e duradoura.
Mas quem é esse Artista tão elogiado, tão afamado?, perguntarão os que estão entrando agora nesse universo da música brasileira. E para eles se introduzirem na obra de Adauto, recomendamos que ouçam.

TRISTE BERRANTE
(Adauto Santos)


Já vai bem longe este tempo, bem sei

Tão longe que até penso que eu sonhei

Que lindo quando a gente ouvia distante
O som daquele triste berrante
E um boiadeiro a gritar, êia!
Eu ficava ali na beira da estrada
Vendo caminhar a boiada até o último boi passar
Ali passava boi, passava boiada
Tinha uma palmeira na beira da estrada
Onde foi cravado muito coração
Mas sempre foi assim e sempre será
O novo vem e o velho tem que parar
O progresso cobriu a poeira da estrada
E esse tudo que é o meu nada
Eu hoje tenho que acatar e chorar
E mesmo tendo gente e carro passando
Meus olhos estão enxergando uma boiada passar
Ali passava boi, passava boiada
Tinha uma palmeira na beira da estrada

Onde foi cravado muito coração



Que grande artista esse paulista cujo nome completo é Adauto Antonio dos Santos, nascido em Bernardino de Campos, SP, em 22 de abril de 1940, criado em Londrina, Paraná, onde iniciou a carreira ao lado da irmã, formando o DUO HAVAÍ, vencedor do Festival Roda de Violeiros, do Capitão Furtado, ali mesmo em Londrina, e gravando, na mesma época, o primeiro disco.

Em 1962 volta para São Paulo, capital, e canta em clubes e boates. Voz bonita e afinada, logo conquista grande público e, aos poucos, vai introduzindo a Viola Caipira em suas apresentações.

Essa mistura, MPB urbana e Viola Caipira desperta a admiração de todos e Adauto, pouco a pouco, vai ganhando espaço nos jornais, nas rádios e na televisão. Espaço este que ampliaria com suas participações no PROGRAMA SOM BRASIL, na TV Globo, comandado por Rolando Boldrin.
Compositor inspirado, sua música TRISTE BERRANTE, que transcrevemos acima, foi um dos sucessos da trilha sonora da novela PANTANAL, na Rede Manchete. E em 1980 participou da trilha sonora do filme CABOCLA TEREZA, baseado na toada de Raul Torres e João Pacífico. No mesmo ano gravou PRA VOSMECÊ, que a CAROL (Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia Ltda.) ofereceu como brinde de Natal a seus cooperados.
Entre seus parceiros encontramos os já citados Mário Lago e Paulo Vanzolini, além de João Pacífico, Paulo Gudin e outros.
Além de TRISTE BERRANTE, gravou ADAUTO SANTOS: BRASIL VIOLA, VARANDA SERTANEJA, CANTORIA (este último produzido por Lio e Léu) e o último disco foi TOCADOR DE VIDA E VIOLA, gravado ao vivo no teatro da UMES (União Municipal dos Estudantes) em 1995, pela gravadora CPC/UMES e, lançado pela 1997 pelo selo Eldorado, foi indicado para o Prêmio Sharp de Música Regional.
Adauto Santos, que durante anos tocou viola nas noites do mitológico bar Jogral, em São Paulo, incluindo em seu repertório músicas de João Pacífico, Milton Nascimento, Rolando Boldrin, Ary Barrosso, etc., etc., demonstrando que a MPB urbana e a MPB rural podem e devem fazer parte de um mesmo universo: o universo dessa grande arte brasileira que é a Música.
Adauto Santos faleceu em São Paulo, em 22 de fevereiro de 1999, deixando um vazio em nossos corações. E em sua memória relembramos as palavras de João Pacífico: Amigo Adauto Santos, todos os Santos estão orando por você!
Texto de Yassír Chediak

FONTE:

Nenhum comentário:

Postar um comentário