sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Além das Metáforas


Gravura em: canstockphoto.com.br
Não pensei encontrar tantas dificuldades para classificar uma espécie de neo-metaforismo que às vezes acontece nas coisas que escrevo.
Fosse lançar a proposta, quais seriam as suas características se a própria metáfora, é de fácil compreensão por ser, essencialmente, uma associação de ideias para emoldurar uma estrutura lógica?
Quando escrevi "construímos uma ponte de papel sobre um rio de tinta", queria falar naquele contexto, sobre a quantidade gigantesca de correspondências trocadas entre duas pessoas. 
A frase saiu numa época em que escrever com as antigas canetas tinteiro ou esferográficas era elegante, muito embora as máquinas de datilografia estivessem no cotidiano de todos em meados da década de sessenta.  
Além do conceito de quantidade estava, também implícita, a ideia de fragilidade, pela característica de uma improvável ponte de papel.
Na verdade, foi uma desconstrução de relacionamento. 
Queria dizer da importância relativa da comunicação escrita. 
A maioria daqueles que possuem essa facilidade, gosta mais de se exibir que traduzir, realmente, o que vai no coração e no cérebro.
Estava ali, somada, uma autocrítica para ser observada no entendimento final: a hipocrisia dos envolvidos.  Não que eu seja assim, mas, queria fazer-me entender assim.  

A situação pedia.
Nos dias de hoje onde a comunicação rápida e objetiva se faz presente, seria retroceder e perder tempo, dedicar-se a coisas aparentemente complicadas e inúteis?
Acho que não.
Steve Jobs, um dos maiores ícones da informática, ao dizer que trocaria toda a sua tecnologia por uma tarde com Sócrates, falava da necessidade que tinha de fugir do imediatismo e da racionalidade da ciência.
John Kennedy deixou uma contribuição que pode ser aplicada: "Às vezes é preciso parar e olhar para longe, para podermos enxergar o que está diante de nós".
A tela do monitor pode ser vista como uma janela para o mundo e, o teclado, como um mecanismo para colocar os neurônios em ação.
Talvez seja um arremedo de poesia quando, então, precisa-se conhecer a biografia do autor, suas inquietações ou, o que estava acontecendo na sua alma no momento do texto poético.
Ao decifrar o enigma, acontece a vitória do leitor. 
Independe, portanto, da qualidade do que foi escrito e, sim, de entender numa aparente complexidade, o óbvio camuflado em palavras.


Fred, 23/12/2011










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