quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sem Terra, Sem Clientes e Sem Esperanças.

“Quando dou comida a quem tem fome me chamam de santo, mas quando eu pergunto por que eles têm fome, me chamam de comunista”. (Dom Elder Câmara)


Em: dryicons.com
Vejo as manifestações dos sem terra pleiteando um pedaço de chão para que possam se instalar e tirar da terra subsistência, quer no consumo dos frutos gerados pelo seu trabalho, quer na venda do excedente possibilitando, dessa forma, o sonho de acesso aos bens de consumo das classes mais favorecidas.

Tenho por certo que a segunda opção é impossível nos dias de hoje.

No capitalismo dominante a mecanização rural é fato desestimulador da produção agrícola por parte do pequeno produtor.
O latifundiário detém, e isso é irreversível, maior capital e menor necessidade da mão de obra humana para gerar riqueza em decorrência do alto índice de modernização de sua lavoura ou pecuária.
Conseqüentemente, o custo final de produção obedece ao raciocínio:
Quanto maior mecanização, maior rentabilidade e menor preço de oferta ao mercado, ou seja, maior competitividade.
Reforma agrária que propicie as mesmas condições de retorno aos ricos e aos pobres é utopia.
Infelizmente perdeu o bonde da história quem pensa diferente.
Andei relendo uns textos do Guevara.
Eu, um comunista romântico, mas, ideologicamente falido, fui obrigado a engolir esses fatos melancolicamente, não deixando, nunca, de reconhecer as intenções humanísticas do revolucionário.
Não podemos dar esperança a essa gente sem uma fórmula ou projeto político que traga realidade em seu bojo.
No capitalismo, somente uma minoria sobrevive dignamente.
Nos anos sessenta e início dos setenta, havia uma maneira de pensar comum daquela juventude sonhadora. Os Robin Woods ou Dom Quixotes queriam uma sociedade mais justa. O primeiro tirava dos ricos para dar aos pobres. O segundo, o sonhador, em seu combate estéril contra os moinhos de vento mostrava, em metáfora, a loucura das ilusões.
Antes se pensava com o coração. Hoje, quem não for prático e objetivo se lasca.
É a força do capitalismo em ação.
Por falar em agricultura é sabido que você colhe o que planta.
Enquanto cresce no mundo o indicador dos economicamente excluídos, aumenta a concentração de recursos nas mãos de poucos.
É fato incontestável de que quanto mais se avança tecnologicamente, mais se cria, paralelamente, problemas de ordem social.
Passando, rapidamente, pela medicina, vamos observar um exército de médicos sujeitando-se a salários de fome enquanto uma minoria detém condições financeiras para equipar seu consultório com a mais moderna aparelhagem, além de cursos no exterior como atestam os diplomas nas paredes.
Dirão, certamente, os apressados, que hoje é assim mesmo: ou você se atualiza ou perde no campo profissional.
Isso é justo?
Outra vez dirão os interessados que o mundo não é justo.
É claro!  Se é egoísta, como poderia ser justo?
O poder financeiro torna a contenda desigual em qualquer campo de atividade.
Não estou falando de competência, essa é uma outra questão. No entanto, ela pode ser comprada nos balcões de conceituadas universidade estrangeiras.
Refiro-me tão somente aos bons profissionais que se formaram com o sacrifício deles e até de seus familiares.
Estes, quando chegam ao mercado de trabalho encontram os privilegiados filhos do capital, lançando-se muito à frente na disputa.
Como resolver isso eu não sei e nem quero lançar agora um novo movimento - Os Sem Clientes.

Quem deu a luz a Mateus que o crie e rápido, antes da panela explodir de vez.

O noticiário policial mostra que ela já está vazando e, para um bom entendedor, um pingo é sinal de tempestade ou, a tempestade, que já existe, foi sinalizada por aquele pingo que ninguém deu  importância. 




Fred 11 de janeiro de 2006


Obs: ao ver o colapso da economia mundial por outros motivos que não os abordados aqui,  as teses acima que foram elucubradas em 2006,  terão mais credibilidade. 

Infelizmente...  

Fred, 07 de dezembro de 2011  

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