quarta-feira, 2 de março de 2011

Trasteficação

Nasceu do ócio, saiu do nada
Casas que o tempo marcou
Veio da alma entediada
Palavra fácil enrolada em manto
Trabalhar rimas e trovas
Fazer sorrir ou desabar num canto
Prefiro a poesia da alma, não das palavras

A poesia das palavras enfeita copos vazios
A poesia da alma acalma mundo
Voz ensimesmada de perene busca
Brincadeira de expressões

Inquietações do espírito
O óbvio é arrogante 
A mente obviamente mente 
Daqui sinto o sol espreguiçando  
Escuto crianças emburradas subindo a rua 
O colégio fica lá no alto, coitadas
Esqueceram os sonhos nos travesseiros
Quando voltam, correndo do calor, 
despencam ladeira abaixo
Nesse tempo o tempo não passa
E a vida não é pequena 
Estou trasteficado 
Trastefiquei
Canto desencantos e um dia mentirei
Porque as verdades das mentiras prevalecem
No ouvido das crianças de qualquer idade
Adeus teimosia, adeus anti-fascismo 
Essas coisas envelhecem a gente

Fred, verão de 2011

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