terça-feira, 4 de outubro de 2011

Adoráveis sotaques e odiosas dublagens

Em: senado.gov.br
Numa crítica engraçada, o personagem Caco Antibes do genial Miguel Falabela, detestava gente que tinha mania de enfiar a letra i nas palavras.  No ato, repetia grifando: "Né meismo?! 
Na entonação, tipicamente carioca, o "s" ainda é trocado por "x", ficando mais ou menos assim: Né meixmo?! Seixta feira; caixca grossa; caixpa na cabeça... 
Não só no Brasil, como no resto do mundo, o sotaque carimba o indivíduo e a sua região.  
Pelo jeitão de falar você sabe de onde ele veio.  
O que mais intriga é a origem desse  i  no meio.
Na frase: "a porta está aberta, está entendendo?" dita por um carioca ficaria "a porta eixtá aberta, eixtá (ou, tá) entendendo?!; pelo paulista: "a porta está aberta, está enteindeindo?"; falada pelo povo do Paraná ou Santa Catarina o i entra depois do r: "a porita está aberita, está entendendo?!
Proeza maior é o sotaque sul-mineiro ou do oeste interiorano do Estado de São Paulo  que intromete, sutilmente o i antes do r, com um ligeiro ele (l)depois.
Soltando a imaginação, teríamos mais ou menos isso: a poirlta está abeirlta...
Cariocas e paulistas é fácil de explicar pela colonização portuguesa no primeiro caso e, pela imigração italiana no segundo.  
Tudo indica que os rl se originaram dos ingleses que vieram ensinar os brasileiros a fazer  ferrovias.  
Buscando na memória não encontro essa curiosidade na região nordeste que é caracterizada pela forma  cantada, repousante e marcante de se comunicar.  Estes costumam espichar a penúltima sílaba que vai sumindo aos poucos.   
Os baianos, esses sim, também sapecam  o  ix de forma mais discreta e deixam "morrer" a palavra no final. 
Em algumas dublagens de filmes estrangeiros, quando o sotaque carregado remete o indivíduo pra fora da história, incomoda.  
Normalmente só ocorre em projeções de segunda categoria onde os cuidados não são levados em conta.  
Percebe-se claramente que o estúdio está localizado no Rio ou em São Paulo. 
Estamos no Coliseu Romano entre gladiadores com espadas, escudos, redes, tridentes, lanças e, sua imaginação se mandando para as praias cariocas ou para a beleza cosmopolita de Sampa como se estivessem frisando, a todo momento: 
"isso é um filme - e é dublado, entendeu?!"  
Não que a troca seja ruim mas, quebra os devaneios da sétima arte ou da fábrica de ilusões.
Faz voltar a rotina nas telas da televisão. 
Estas, centralizadas nos dois polos, não se preocupam ou, preocupam-se cada vez menos com essa história.  
Já que é pra mandar pras profundezas tenho, também, liberdade de sair do assunto deixando registrada uma curiosidade.
Poucos sabem que o letreiro gigante com a palavra Hollywood, cartão postal da cidade, foi erigido em 1923 a mando de uma companhia de imóveis que se instalara nas imediações. No original estava escrito Hollywoodland e o tempo foi corroendo as últimas letras ficando, só, Hollywood, como é conservada e conhecida nos dias de hoje.
Alhos, bugalhos e bagulhos. 
A vida é assim!!


Fred, 04/10/2011









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